Black Sea + Huey no 74club – o underground é lindo e está no ABC Paulista

Black Sea + Huey no 74club – o underground é lindo e está no ABC Paulista

O 74club traz o underground atual de São Paulo para o ABC Paulista com shows como o das bandas Huey e Black Sea, recuperando a identidade cultural da região.

Vivo aqui no ABC Paulista desde que nasci mas não dei muita sorte. A região, que tem uma história rica e diversa no cenário do rock com punks, skinheads, góticos e outras tribos, andou meio caída nos anos 2000. Durante a minha adolescência e vida de jovem adulta eu sentia muita falta de ter uns rolês realmente legais por aqui. Não sei explicar, mas o ABC Paulista parecia muito amador perto de tudo o que São Paulo tinha oferecer. As coisas mais legais sempre aconteceram por lá e ainda continua dessa maneira. Não é a toa, afinal São Paulo é uma das capitais culturais da América Latina e é a cidade onde tudo acontece. Fica difícil de competir. Na gastronomia eu também tinha essa sensação, mas isso é assunto para um outro post.

Mas, felizmente, de uns três anos pra cá eu sinto uma crescente muito favorável na região, que está investindo em entretenimento de alto nível com pessoas que estão trazendo suas experiências de fora. E, o melhor de tudo, é que o momento é ótimo por ser algo com personalidade. Dá prazer conhecer as novidades que tem por aqui, especialmente em Santo André.

O 74club é o meu mais novo quintal. Sério, onde eu estava que eu não conhecia vocês? O bar está em atividade desde 2009 e fica num casarão em meio a uma região nobre de Santo André. Poderia até passar desapercebido para os desavisados se não fosse a incrível intervenção artística na fachada. A casa tem aquele clima de pub de rock americano, rústico, cheio de posters e memoralia, além da baixa iluminação. A trilha sonora é coisa de outro mundo: eu ouvi Mastodon, Down, Tool (!!!) durante a noite que estive lá. Nunca me senti tão em casa antes. O cardápio é simples, apenas com alguns salgados, porções e lanches, mas muito gostoso. A variedade de cervejas e drinks não decepciona e acompanha muito bem os frequentadores por toda a noite.

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Mas a melhor parte certamente é porão da casa, onde os shows acontecem. É tudo meio improvisado e o espaço pequeno. O público, que é pequeno até mesmo por causa do espaço físico, se acomoda em volta da banda e o show é cara a cara com a platéia. A vibração do som saído das caixas te atravessa sem dificuldades. Ter uma experiência assim para quem está acostumada a festivais e shows com concorrência pela grade é incrível.

Black Sea

O primeiro show que assisti na casa foi da banda Black Sea, de Curitiba. O grupo, que é largamente influenciado por bandas de post-metal como Isis, Neurosis e Russian Circles, abriu os trabalhos da noite. Eu já havia escutado o som deles antes através do Bandcamp e tinha achado animal por se tratar de uma banda do gênero aqui do Brasil, coisa que não é fácil de encontrar, e ao vivo a surpresa foi maravilhosa. A banda é muito afinada entre si e entregou uma experiencia muito parecida com o disco. As variações entre momentos quase espaciais e a agressividade são muito bem dosadas. As músicas são lindas e merecem a atenção de quem curte o estilo pois não deve em nada para as bandas gringas.

Eles acabaram de lançar um novo disco, o Mercurial, e o material promocional é maravilhoso e de muito bom gosto. Eles tem até mesmo uma cerveja! Fiquei com muita vontade de comprar a camiseta branca com a estampa em serigrafia dourada, mas nossa amiga crise me segurou 🙁 Desejo muito sucesso pra vocês e que em breve vocês já estejam fazendo tour nas gringas.

Huey

Curto demais a banda paulistana, tanto que a capa de um dos discos deles, o Ace ilustra o topo deste humilde site. Eles tem uma pegada mais Stoner misturada a influências do fim dos anos 00′ do post-metal e não contam com vocais, mas isso não faz com que eles devam em nada na apresentação, que é cheia de energia. O carisma do pessoal da banda também diverte quem está assistindo e isso é um detalhe a mais. Vale aqui um destaque para Por detrás de los ojos, música destruidora que encerrou o setlist e realmente deu vontade de ouvir mais uma vez no final. Uma crescente incrível.

As duas bandas fazem parte do selo Sinewave, que acredita muito nessa vertente mais criativa do metal aqui no Brasil e já tem um catálogo incrível de lançamentos. É só uma questão de acreditar nas bandas e dar uma chance, porque tem muita coisa maravilhosa e muita gente querendo soltar os seus projetos do gênero por aí. Saibam mais sobre os projetos clicando neste link.

Aqui no site você sempre vai ver apoio ao trampo nacional de qualidade que eu venho cada vez mais conhecendo e também tenho uma sensação de que estamos em uma nova fase, ganhando muita personalidade. Contem comigo para ajudar a divulgar <3

Para acompanhar a programação e as novidades do 74club vocês podem dar uma olhadinha na fanpage deles. Sempre tem rolês diferentes do que a região do ABC costuma oferecer e não duvido nada que a peregrinação vai mudar de ABC – São Paulo para São Paulo – ABC pra alguns eventos.

Se você se interessou pelo som das bandas também deixo aqui o Facebook do Huey e o Bandcamp do Black Sea. Lá vocês encontram mais informações e os sons que os caras fazem.

Fotos do post: Divulgação 74club / Facebook