A Casa no Alto da Colina #3 – Teimosos S.A.

A Casa no Alto da Colina #3 – Teimosos S.A.

Fazer quadrinhos é coisa de teimoso e com uns parafusos a menos, também.

Para ler ouvindo: Caffeine – Faith no More

Todas as vezes que tropecei e quase caí…

Eu comecei a fazer quadrinhos em 2017, oficialmente. Mas estudo desde 2015. E cara, se tem uma coisa que ainda acho é que não sei de nada. Pois a medida que vou lendo mais gibis, mais descubro que não sei narrativa. A cada filme ou série que assisto, vejo que domino menos ainda os traquejos de contar uma história. São quase sete anos com revelações de que todos os dias sei menos. Quanto mais eu faço, mais sei que não tenho todas as referências que deveria, que não sou talentosa o suficiente.

Mas tem uma coisa que sou que muita gente não é.

Sou teimosa. Faço parte do Teimosos S.A.

Se te disser, meu caro visitante, o sem número de vezes que quase desisti desta merda, em especial desde 2019, você não acreditaria. Geralmente é uma sensação que vem acompanhada de uma frustração absurda da demora das coisas. Pra trabalhar com histórias, você precisa ter muita paciência, mas muita mesmo. E lidar com a frustração o tempo todo, como ver colegas se dando bem e brilhando. E você? Ficando pra trás de si mesmo. Brilhar é uma coisa que depende apenas da capacidade de produzir. Boa parte do tempo, porém, estamos só olhando pro teto em crise existencial. Eu, particularmente, você eu não seu, mas espero que não.

Isso evidencia, claro, que muitas vezes a gente olha pro prisma da arte pelo lado errado do caleidoscópio insano que é esse universo.

Uma vez fui recusada pra um beco de artistas de um evento que queria muito participar. Por coincidência, essa recusa aconteceu enquanto estava na minha primeira FLIP, em 2019. Sentei sozinha no chão da praça com dois copos de Gabriela e chorei, como uma louca. Senti que minha vida tinha acabado ali. Mas, meu deus do céu, estava literalmente chorando em Paraty. Tristeza chique. Estava vivendo algo muito massa em um dos eventos mais conceituados de literatura do país.

Quando a ficha caiu, percebi que, além de uma TPM avassaladora, estava dando valor demais pras coisas menos importantes. E então a minha relação com tudo o que faço mudou demais. Passei a colocar meu foco muito mais nos quadrinhos do que tudo que está em volta deles. É tudo perfumaria. A gente conta histórias e faz quadrinhos porque é uma força que se impõe, parafraseando o Rafa Coutinho nesta entrevista para o Papo Zine.

Por incrível que pareça, tudo começou a fluir com muito mais naturalidade e as coisas seguem acontecendo. Às vezes ainda com surtos e pensando em abandonar tudo, mas seguem. Levo certos aspectos com mais leveza, e sei que no futuro ainda vou superar coisas que são questões hoje.

Ficou mais fácil viver e ser teimosa para os meus sonhos depois que percebi que o que realmente quero é contar as minhas histórias. O resto é consequência.

Sou teimosa e vou seguir na minha jornada. Espero que vocês venham junto comigo.

Cafeína invade estabelecimento e agride um idoso

Falando em ser teimoso e contar histórias, uma coisa que sempre me acompanhou religiosamente nos meus surtos de escrita e de ansiedade na vida foram os milhares de copos de café que tomei.

Na moral, eu levava uma garrafa só minha de café quando trabalhei na Prefeitura de Mauá. O quão insana eu era nessa época? Não sou capaz de descrever. Mas, como faço parte de uma família de cardíacos privilegiados, tive que parar com a cafeína por ordens da nutricionista. Sobrecarrega o coração, disse ela. Então tá bom, não tô afim de infartar tão cedo.

Talvez a minha própria proibição médica corrobore o CAOS que tomou o Twitter ontem à tarde quando uma jovem moça fez uma thread alegando que cafeína era um veneno? Talvez. Mas não posso negar que sinto uma falta danada do soco na minha cara que o café sempre deu. Dos copos de café que tomava às onze da noite e das madrugadas absurdas que passava escrevendo. Eita veneninho bom. Estou com saudades de você na minha vida, cafeína <3.

Vou ficando por aqui…

Muito obrigada pela sua leitura meu pequeno gafanhoto. Me diga se você está curtindo esse meu modo berserk de escrita diária, que tá acontecendo quase sem pensar. Não sei até quando vai durar, gostaria que fosse pra sempre, mas não posso garantir.

Este texto foi originalmente publicado na minha newsletter A Casa no Alto da Colina.


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