Climax (2018, dir. Gaspar Noé) – Resenha
Gaspar Noé é conhecido por não pegar muito leve em seus filmes. Acho que o mais conhecido deles, Irreversível (2002), tem uma das cenas mais polêmicas da história do cinema, estrelada por Monica Bellucci. Sinceramente, eu não pretendo assistir. E o que dizer de Viagem Alucinante (2009) que explora a lisergia em modo máximo à beira da morte?
Pois o diretor volta para Climax, seu último lançamento, com um tom mais tranquilo. Nem por isso ele deixa de abordar os seus temas extremos de sempre.
Baseado ligeiramente em uma história real, o Climax é sobre a um grupo de dança que se isola nas montanhas da França durante o inverno para ensaiar. Um importante concurso de dança que vai acontecer nos EUA, o que motiva o grupo para ir atrás de seus sonhos. Podemos perceber isso logo no começo. As entrevistas de dançarinos que se candidatam para fazer parte do grupo é onde todos falam sobre a vida, desejos, medos e intimidades. Eles estão dispostos à fazer de tudo para conseguir a vaga no grupo.
Como moldura da TV, livros e filmes que são usados diretamente de referência no filme. Suspiria, Um Cão Andaluz, Possessão, Taxi Driver, entre outros, são um deleite de referências.
E o que se desenrola é um grupo de jovens e uma criança que está confinado e convivendo a vários meses. No momento do filme, comemoram o fim do trabalho: a conclusão de uma coreografia. Em uma festa com bebida alcoólica e muita dança, todos relaxam. Alguém, no entanto, arma uma surpresa e… as coisas saem do controle.
A humanidade nua e crua
Pessoalmente um dos meus maiores medos é perder o controle das próprias ações e, acredite, para mim esse filme é um grande gatilho. Todas as micro tensões sociais que existem naquele grupo explodem em uma noite e deixam consequências inesquecíveis, seja pro bem ou para o mal.
Mas o que realmente impressiona é a condução sempre lisérgica da direção de Noé. Além do filme oferecer ângulos desconfortáveis em boa parte do tempo, em especial quando as tensões vão se acumulando entre movimentos de dança, as longas tomadas e a câmera viajando pelo cenário da escola são angustiantes.
Todo o elenco oferece uma entrega absurda de performance, como se todos realmente estivesse entorpecidos. As batidas de música eletrônica dão lugares aos gritos, os movimentos de dança dão lugar a brutalidade, a selvageria e a desumanização.
Pode ser que na primeira metade do filme você não veja muita graça, pois a construção da trama é um pouco desorganizada e desconfortável, mas quando as coisas finalmente acontecem você não consegue mais piscar na frente da tela.
Climax está disponível para ser assistido na Netflix. É só clicar nesse link aqui. Pelo menos por enquanto. E, claro, a minha exaltação sempre a A24 que tem produzido alguns dos meus filmes favoritos de terror dos últimos tempos.
