A Casa no Alto da Colina #2 – Amor e expurgos

A Casa no Alto da Colina #2 – Amor e expurgos

Amar é a coisa mais traiçoeira que já fiz na vida.

Para ler ouvindo: Marina Sena – Por Supuesto


Qual é o lugar do amor quando a escrita é expurgo?

Bom, quem me acompanha a um tempo e conhece o tipo de histórias que eu escrevo sabe que eu não sou dada a arroubos românticos. Pelo menos não com finais felizes. As minhas fábulas sempre enxergaram sentimentos românticos como uma coisa traiçoeira, uma fina cortina do engano. Todos nós, em algum momento da existência, tivemos esse véu rasgado e se deparou com um abismo de dor lancinante.

Talvez essa seja uma das dores que mais sinto com intensidade. O amor me desestabiliza, me enfraquece, mexe as minhas estruturas. Ainda assim, é bom demais sentir os pés vacilarem sobre o próprio corpo, o coração aquecer com batidas mais aceleradas, as bochechas rosarem com a ideia de ser abraçada por simples e puro amor. Destruir o amor romântico na ficção funciona pra mim como uma defesa daquilo que me abala, pois é duro demais encarar a finitude de coisas sublimes.

Mas a vida é uma coisa curiosa.

Há quem diga que o terror está em fantasmas ou em alguém ameaçador correndo atrás de você com uma faca, mas não acho que exista nada mais perturbador do que olhar pra quem você é antes de ter sido atropelado por um trator e saber que não tem mais volta.

Esse ano pude trabalhar numa adaptação literária de uma obra muito distante do que estou acostumada a fazer. É um livro infanto-juvenil, sonhador, cheio de ideias românticas. E o grande desafio dessa HQ foi o de enfrentar esse tipo de literatura. Mexeu demais comigo. Eu acessei coisas muito esquecidas e profundas, me lembrou de uma Larissa de doze anos de idade que ainda era inocente e acreditava em tantas coisas. Foi como olhar para um espelho que mostrava o meu passado antes da vida me quebrar em mil pedacinhos.

Trabalhar com uma história tão esperançosa, brilhante e cheia de futuro mudou a minha vida de uma maneira muito sutil. Me fez voltar à acreditar em coisas que tinha esquecido e talvez agora, na minha vida pessoal os holofotes estejam voltadas pra esperança e alegria como nunca estiveram em muito tempo. Tô achando que isso é bom. Só até o espelho espatifar novamente no chão? Talvez. Mas quero acreditar.

Esta adaptação literária para quadrinhos deve sair na CCXP Worlds desse ano como lançamento, devo falar sobre ela na semana que vem por aqui. Então fique ligadinho.


Quando o amor é cego mas não é de graça.

Não posso deixar de voltar para a minha programação normal, que é acompanhar histórias tristes e gente sendo filha da puta.

Hoje de manhã uma das primeiras notícias que vi é sobre um rapaz que sofreu um golpe de uma falsa Alessandra Ambrósio. Imagina, ele namorou uma golpista por 15 anos via telefone e mandou muito dinheiro pra ela. Infelizmente descobriu só agora que é vítima do famoso golpe chamado catfishing. O termo, que foi popularizado por uma famosa série da MTV lançada em 2012 que retrata diversos casos do gênero, se refere à pessoas que usam falsas identidades nas redes sociais para fins escusos, em especial para manter relacionamentos à distância. Nunca passei por uma dessas pois sou o próprio FBI me relacionando com pessoas que conheci pela internet, mas fica a dica pra você abrir o olho.

Ainda neste tema, um uma dica que me deixa sempre com a bile na garganta. É o canal do youtube Sobrevivendo Na Turquia. Danny Boggione, a host, tem a missão de esclarecer os perigos de se relacionar com pessoas online, especialmente com homens do oriente médio. São tantos casos de scammers (golpistas que extorquem dinheiro de suas vítimas online), cárcere privado, perseguição e diferenças culturais e religiosas irreconciliáveis que sempre penso como é possível que as mulheres brasileiras, por pura carência e dependência emocional, caem nessas ciladas. São histórias escabrosas, vale a pena acompanhar para ficar atento à práticas suspeitas.


É isso por hoje.

Espero que vocês gostem da newsletter, gente. Ainda estou entendendo como funciona, quais são os melhores horários, se vocês gostam ou não. Não se acanhe em responder a mensagem pra falar o que você tá achando ou pra me mandar uma DM, ok?

Este texto foi originalmente publicado na minha newsletter A Casa no Alto da Colina.


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