NaNoWriMo – A primeira vez a gente nunca esquece.

NaNoWriMo – A primeira vez a gente nunca esquece.

Eu não sei em que planeta eu estava até agora pra não ter percebido como eu amo escrever ficção. No post de hoje eu conto a trajetória da escritora compulsiva que existe dentro de mim desde criança e como está a minha cabeça na primeira semana do NaNoWriMo. No primeiro post sobre o assunto eu fui muito genérica por nem imaginar o que me aguardava, mas dessa vez eu conto melhor como é participar do negócio.

escrever está no sangue

A primeira vez sozinha.

Desde que me conheço por gente sou uma escritora compulsiva. É engraçado, porque eu nunca tinha me dado conta disso até agora. Era tão natural quanto escovar os dentes. Tenho pilhas de diários guardados em casa onde eu contava a minha vida inteira. O primeiro eu tive em 1997, com uma capa de dinossauro espacial tão escrota que é genial. Contava do meu dia a dia e dos meus delírios e paixões infantis, o que me fez lembrar que eu era iludida demais quando criança e que provavelmente quebrei minha cara vezes suficientes antes dos meus 13 anos de idade por razões óbvias. Deu uma estragada no meu lado romântico antes de todo mundo.

Tem uma passagem ridícula nesse primeiro diário, que conta como eu fiquei chocada em ver o Fernando Colunga, ator de novelas mexicanas, em um VT em que desfilava semi nu em pleno Vídeo Show. Eu tinha 8 anos de idade e ver um cara que eu tinha certeza que era namorado da Thalia com a bunda de fora às duas horas da tarde na Globo só podia estar errado. Eu amava a Thalia, era fã dela na época por causa da Maria do Bairro, aquilo não poderia ser perdoado. Já dava pra notar que, apesar de ser uma ameba, as críticas sociais pesadas que ninguém viu já estavam pegando fogo através daqueles garranchinhos.

A primeira vez na Internet.

Isso tudo era muito simples perto da obsessão que eu criei por fotologs e blogs assim que a Internet resolveu aparecer na minha vida. Nunca me esqueci do meu primeiro blog em parceria com os meus colegas de classe do segundo ano do Ensino Médio, em 2004, no mais do que falecido e enterrado Webblogger. A gente usava aquela linguagem escrota que se aproximava do futuro MiGuXeS sem medo de ser repreendido. Naquela época ninguém se importava em cagar regras na internet, que saudade. 

Desde então, eu mantive uma série de blogs, fotologs e diários fracassados, sempre tentando fazer coisas diferentes mas nunca com muita paciência para sustentá-las. Eu finalmente tive certa paciência e vontade de me tornar uma espécie de blogueira quando criei o Gatos & Cérebros em 2009, também falecido e 100% enterrado em 2011. Foram dias que mexeram com a minha vida e esclareceram que se tinha uma coisa que eu gostava muito de fazer era escrever. Apesar de tudo eu me matei por dentro por muito tempo por ter acreditado que essa coisa de escrever era uma merda e nunca daria certo, que isso não era coisa de um adulto responsável.

A primeira vez da vida real.

Pois bem, meu amigos, essa é mais uma das minhas primeiras vezes. E dessa vez é pra valer, pra botar a cara no sol. Finalmente eu comecei a escrever o meu primeiro livro. Aliás eu também comecei a revisar o meu primeiro roteiro de quadrinhos que tem chances de ser publicado. Depois de passar anos sem escrever nada, completamente amarga e chateada por ter quase matado a criativa insana dentro de mim, eu me entreguei a ficção durante o NaNoWriMo e tem sido incrível. É definitivamente uma afirmação de quem sou eu de verdade, de quem é a Larissa que está aqui dentro desde que eu era criança.

Escrevendo como uma completa louca.

Não sei se vocês sabe, mas o desafio do NaNoWriMo tem metas diárias de palavras a serem escritas e eu tô bem feliz de ter batido a meta todos os dias. o/ A de hoje ainda não completei porque eu não consegui pegar o texto pra trabalhar.

nanorelatoriosemana1

Uma outra coisa muito legal que tenho vivido nessa semana é não ficar me cobrando demais. Eu vi gente surtando totalmente, escrevendo 20mil palavras no primeiro fim de semana e tal. Nada contra, mas eu pessoalmente estou muito de boas e quero escrever um pouquinho por dia, até mesmo para criar o hábito. Se não der pra bater a meta algum dos dias não vai ter problema nenhum. É só correr atrás depois e escrever quando a mente estiver fresca e com vontade de produzir.

É uma coisa muito intensa o processo de escrita. Tem personagens que aparecem inconvenientemente, sem pedir licença e que tem a capacidade de mudar muita coisa que você tinha planejado no início. E, sinceramente, isso é uma coisa deliciosa. É como conhecer pessoas novas e inesperadas, a diferença é que elas estão só dentro da sua cabeça. Mas, pelo menos, você pode apresenta-las depois pra todo mundo.

O meu primeiro filho.

Eu tô com muita vontade de falar sobre o projeto: sobre o que é a história, as inspirações e inseguranças, mas acho que isso é meio que queimar a largada. O máximo que posso compartilhar é o link do projeto do NaNoWriMo, que tem uma capa maneirinha que fiz rapidamente no Photoshop. E só. Não queria ficar simplesmente contando tudo sobre o livro antes mesmo de eu ter a parte mais robusta dele pronta. Aliás, acho que vocês deviam evitar também. Abrir o processo criativo enquanto ele está acontecendo dá liberdade pra outras pessoas meterem o dedo. Isso gera um monte de inseguranças. Se você precisar de uma opinião apenas peça para uma pessoa que entende do assunto e que vai te ajudar de verdade, não para o seus amigos e familiares.

Apesar disso é bem legal trocar ideias de como a experiência está se desenvolvendo com o pessoal que também está participando do NaNo, o grupo do Facebook aliás está fervendo em pura angústia literária.

Na próxima semana eu provavelmente já terei passado das 20mil palavras, o que perto das minhas 6849 de hoje parece impossível. E eu vou contar pra vocês como tudo isso foi.

Me aguardem.


0 thoughts on “NaNoWriMo – A primeira vez a gente nunca esquece.”

  • Parabéns!! Não é fácil manter o foco é escrever todo dia, então admiro muito quem consegue!
    E tenho certeza que seu livro ficará muito bom e será publicado!
    Ri com as suas primeiras vezes e me identifiquei bastante. Eu também tenho uns diários e também tive blogs e fotologs e tal, que nunca foram pra frente. Mas que bom que você não desistiu de escrever, porque faz isso muito bem. 🙂
    Beijo

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