A Falha de San Andreas: catástrofe real, nenhuma lógica
As catástrofes são parte de um dos subgêneros mais intensos do cinema de ação, mas será que o filme traz algo além das cenas eletrizantes causadas pela natureza?
A Falha De San Andreas, causa de muitos terremotos assustadores na Costa Oeste dos Estados Unidos e um dos motivos de constantes preocupações entre os especialistas, finalmente se tornou tema de um filme. Razões e material para desenvolver uma trama dessas não faltam: desde que se tem notícia, a falha geológica de quase 1.300 quilômetros já causou três terremotos com mais de 7,0 graus na Escala de Richter, o último deles em 1989. O assunto vem à tona com força, já que os especialistas estimam que em menos de trinta anos ocorrerá uma nova turbulência sísmica de grandes proporções na área.
Apesar da Califórnia já ter sido palco de filmes de catástrofe relacionados a sismos, como o Terremoto (1974) e o Volcano (1997), nunca se fez um filme com o tema central da borda de placas tectônicas que realmente se localiza no estado. O diretor Brad Peyton, de Viagem 2 (2012) e Cães e Gatos 2 (2010), quase novato de longas-metragens, assume a responsabilidade de trazer às telas um dos grandes pesadelos americanos de uma maneira que seja honesta com a realidade sem ser completamente literal. Após ouvir diversos especialistas na área e tentar trazer dados reais ao filme, finalmente Hollywood abraçou mais um filme sobre sua própria desgraça. Mas será que o resultado final deu certo?
Mais uma história americana motivada pelo desastre
A trama conta duas histórias paralelas: a primeira é do piloto de resgate Ray (Dwayne Johnson), que é uma pessoa obstinada em provar que pode salvar vidas após a perda de uma de suas filhas em um afogamento. Ele está disputando a atenção da própria filha e de sua ex-mulher com um construtor multimilionário, sempre perdendo por conta dos imprevistos de sua profissão. A segunda jornada é a do sismólogo Lawrence (Paul Giamatti), que junto de sua equipe tenta comprovar a sua teoria de que é possível prever grandes abalos através de um novo método de medição.
Se formos analisar a fundo, nós já vimos essa história um milhão de vezes no cinema, especialmente se estivermos falando de filmes de desastre. É muito comum que o protagonista esteja com a vida toda caindo aos pedaços e veja na tragédia uma oportunidade clara de resgatar aquilo o que é mais importante para si, além de superar traumas. Também é muito comum que sempre exista um especialista que tinha razão, mas ninguém ouviu antes. Pelo menos um desses aspectos estão presentes nos filmes de catástrofe. Posso dar exemplos? Independence Day (1996), O Dia Depois de Amanhã (2004), Guerra dos Mundos (2004) e 2012 (2009).
Vale lembrar também que como temos o Dwayne Johnson, o The Rock, como protagonista, o impossível se torna possível. Cenas surreais ao lado da maravilhosa Carla Gugino em aviões, lanchas, helicópteros, para-quedas e resgate de gente em perigo vão acontecer. As sequências do núcleo da filha do protagonista, interpretada pela lindíssima e promissora Alexandra Daddario também vão desafiar a sua razão, e não é por causa dos olhos enormes e azuis da moça. Se você quiser aproveitar alguma coisa nesta película, ignore a lógica e aproveite a viagem. É sério.
Uma linda e desesperadora tragédia
No início do filme, o Lawrence está dando uma aula para os alunos em uma curta explicação sobre os terremotos no mundo e como a Falha de San Andreas pode afetar toda a California, em especial a cidade de São Francisco. Ao pesquisar um pouco na internet, deu pra notar que as informações passadas no filme são em grande parte verdade e usadas criteriosamente para aumentar a tensão de quem está do outro lado da tela. Já pensou que coisa horrível ver a maravilhosa Costa Oeste dos Estados Unidos ser dizimada por causa disso? Se bem que alguns dos sismólogos que ajudaram no processo do filme disseram alguns aspectos foram bastante exagerados.
Aproveitando esse ensejo realista, o diretor não economizou no nível da tragédia. Se depender dos efeitos especiais e da tensão dirigida, o filme é um sucesso ao transparecer esse desespero. Independente da lógica da história dos personagens, as cenas fazem o espectador travar na cadeira do cinema. A computação gráfica é ricamente executada a ponto de nos fazer esquecer que nada daquilo é real, com exceção de algumas cenas aéreas como as que a Terra chega a ondular com a força do tremor. Pensando bem, um tremor de 9,6 na Escala de Ritcher – que nunca aconteceu na vida real – deve ser bem louco de presenciar de qualquer maneira.
Um abalo para os próximos anos?
Não dessa vez. Apesar de ser um filme com muita qualidade gráfica, não existe absolutamente nada de novo na história e no roteiro, a não ser a possibilidade de que isso aconteça mesmo aqui do lado de fora da tela. Mas, considerando os exageros de Hollywood, pode ser que esse tsunami não passe de uma marolinha quando vier. Só nos resta aguardar e ver o que a futuro vai nos dizer. Quanto ao filme, vá apenas pela diversão e se não tiver nada melhor pra assistir. Mesmo.
E você? Concorda que o filme repete a mesma fórmula dos outros pra fazer sucesso? Discorda? Fique a vontade para soltar o verbo aí nos comentários. Até a próxima 🙂