29 de agosto de 2024

Pequenas Mortes

Uma garota de cabelos pretos com franja se maquia, usando uma faca perto dos olhos como gabarito para o delineador no formato de gatinho. Texto: Eu tentei viver pequenas mortes a qualquer custo.
Em volta de várias cabeças de coelhos brancos, ao centro, está o rosto da garota usando uma máscara preta com orelhas de coelho, que cobre metade de seu rosto. Texto: Para isso, vesti uma pele diferente, que não me pertencia.
Uma garota engatinha, usando saltos altos. Seus pés estão conectados por uma corrente, que estão conectadas à uma algema de couro feita para calcanhares. De fora do quadro, uma mão segura uma coleira que guia a garota, apesar de não mostrar o seu pescoço. Texto: Quando a pulsão surgia, minha razão dizia que era a única forma de encaixar no mundo, seja qual fosse o preço.
Um coelho observa uma enorme gaiola de ferro preta. Texto: Mas esse sentimento, ainda que profundo, sempre foi hesitante. O medo sempre me fez fugir do ponto que não há retorno.
A garota de cabelo preto com franja olha de soslaio para trás. Algo puxa a coleira que está em seu pescoço. Podemos ver apenas seus olhos brilhantes de dentro da escuridão. Texto: Mesmo que houvesse algo que insistisse em me puxar para trás.
Uma janela com um vidro quebrado vista de baixo. Na vista, uma antena com suas luzes brilha e, ao fundo, o amanhecer começa a despontar no horizonte, tingindo o céu de rosa. Texto: A madrugada, no entanto, mesmo que pense em me tragar de volta, jamais vencerá.
A garota de cabelo preto caminha em direção ao horizonte, onde o sol brilha forte. A coleira, agora aberta, está largada no chão. Um coelho branco escapa para fora da cena. Texto: A linha tênue do amanhecer está cravada em mim desde outras vidas.
A carinha de um coelho branco. Texto: Pequenas mortes. arte e texto por @larissapalmieri

Pequenas Mortes foi originalmente publicada nas minhas redes sociais no dia 3 de junho de 2024.

Existe um abismo quando olho para o tema que abordei para essa história. Tantas experiências que são só minhas que essa foi mais uma tira que ficou mais hermética do que eu gostaria.

Falar de sexualidade nunca mais será a mesma coisa para mim. Pois quando eu falei a respeito, foi totalmente pelas razões erradas. Talvez eu precise de anos pra me recuperar do trauma e para onde essas coisas me levaram. Talvez eu nunca consiga ser transparente sobre isso.

Mas Pequenas Mortes é um bom começo e acredito que será somente através da arte que isso será feito da forma certa e sem ser reprimido ao mesmo tempo.

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Filed Under: A Casa no Alto da Colina

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